Editorial

Previsão, precisão, crença e confiança

Vai ou não vai acontecer? Chega ou não chega? Alcança essa rua ou aquela? Infelizmente, já vamos para três semanas nessa dúvida angustiante no que tange a enchente na Zona Sul e, naturalmente, parte significativa das perguntas simplesmente não têm resposta. Não por falta de vontade ou qualquer coisa, mas pela incerteza do cenário. O problema é que parte da população acaba ficando descrente, já que são muitos dias nessa situação e, em tantos casos, longe de suas casas.

Não dá para apontar culpados especificamente pelo cenário de incertezas. Ninguém quer que aconteça nada de ruim, que haja novo avanço das águas. Mas também não há recuo. Há que se compreender que é um cenário praticamente novo, por mais que se busque referências no passado, ninguém viu cenário parecido na Pelotas com estruturas que tem hoje. Ou seja, a cada mililitro desaguado do Guaíba, a cada mudança na maré do Oceano, a cada alta ou baixa do São Gonçalo, a situação se redesenha.

Um alento nisso tudo é que a ciência está de olho. Nossa reportagem vai diariamente à Sala de Situação e acompanha os cientistas de várias áreas de conhecimento estudando cada nova variante que se desenha neste cenário. Além disso, o Poder Público e órgãos de segurança estão bem alinhados nesse sentido, pelo que se vê. Portanto, o cenário de incertezas em Pelotas não é por má vontade, mas sim pela imprevisibilidade das situações.

Um grande problema neste cenário são os "agitadores digitais". Há cada vez mais gente emitindo opinião como se fosse informação, fazendo afirmações como se fosse um cenário global, mas com base apenas no próprio recorte de visão. Na comunicação digital, muita coisa dispara rapidamente e, depois que está na rede, é impossível controlar. Há quem se aproveite da angústia de quem sofre neste momento e desses mecanismos para tentar propagar desinformação, por motivos dos mais variados.

Previsão não é precisão e, por isso, muitas vezes haverá uma ou outra projeção errada, não por maldade ou falta de conhecimento, mas por vivermos em um cenário em que as peças do tabuleiro vão mudando a cada segundo. De qualquer maneira, Pelotas segue resistindo e a torcida é para que o cenário dos mapas, desenhados projetando o pior possível, estejam "errados". Por enquanto, Pelotas resiste, não alaga e segue todas as orientações. É motivo para comemorar. É um momento em que, até aqui, não perdemos nenhuma vida e isso é o que importa no fim disso tudo. É para isso que tanta gente tem trabalhado.


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